III
Desligo o carro e respiro fundo.
Estava à espera de o ver a sair pela porta fora, com o seu jeito, aquele jeito que nem eu sabia explicar.
Mas ninguém saía.
Saí do carro e caminhei até a porta da casa. Bati a porta. Era a mãe dele.
-“Ó filhota, entra, entra. O Filipe saiu, mas deve estar quase a chegar. Mas estás a vontade.”
-“ Está bem Dona Emília, eu espero no quarto dele.”
Subo as escadas. A meio das escadas encontro o Rex, seu cão.
-“Rex, anda comigo.”
Faço-lhe uma festinha e ele vem a correr atrás de mim.
Entro no quarto dele, desarrumado como o costume.
Sorrio a olhar para a sua mesinha de cabeceira. Estava lá uma foto do nosso baile de finalistas, eu tinha sido o seu par.
Flashback
Estava o sol a nascer e estávamos a caminhar pela praia descalços.
-“Quando formos velhinhos, será que vamos ter forças para voltar a fazer isto?”
-“Quando fores velhinho não vais querer saber de mim, vais ter uma enfermeira novinha para tratar de ti.”
Sinto as suas mãos a abraçarem me pelas costas.
-“Tu para mim serás a única enfermeira que eu vou querer a tomar conta de mim.”
-“Lembra-te que quando tu fores velhinho, eu também vou ser velhinha!”
-“A minha velhinha.”
Presente
Deito-me em cima da cama dele, a pensar enquanto brincava com o meu colar preferido, um colar que ele me tinha dado, que dentro do coração tinha uma foto nossa de cada lado.
Acabo por adormecer.
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