quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Inspiração

Inspiração. Onde andas tu? Inspiração. De onde vens? Inspiração. Para onde foste?
Inspiração divina. Inspiração natural. Inspiração material. Inspiração instantânea. Recordações inspiradoras. Todos necessitam de inspiração, não apenas os escritores. É necessário uma inspiração ate para viver.
A inspiração é a fonte de tudo que criamos. Então porque me foge a inspiração?
O grande mestre Luís Camões tinha as suas musas inspiradoras. Isto foi o pormenor que mais me marcou da obra dele. Quem eram estas musas? Porque não me ajudam elas a ter uma inspiração semelhante? Talvez essas musas deixaram de existir a partir do momento em que ele soltou o ultimo sopro que permanecia nos seus pulmões. Será? Aparenta que cada um tem que ter uma fonte de inspiração diferente. Então porque motivo estou com a impressão que perdi a minha?
A dor que habitava o meu ser tem vindo a diminuir. Isso em termos psicológicos ate é bom. Mas no que toca aquilo que faço significa menos uma fonte de inspiração. Todos os grandes escritores aparentam ter isso em comum. A dor serve de inspiração para escrever.
Inspiração natural. O mar. As florestas. As montanhas. Os vales. O mar todo-poderoso e incansável que nunca desiste de fazer o seu percurso. As florestas escuras que escondem os terrores que nos atormentam como sombras das nossas almas. As florestas iluminadas que nos desorientam com a sua vastidão tal como a vastidão que é a difícil tarefa de viver. As arvores com os seus segredos ocultos que sussurram com o vento, cantando poemas de louvara para as estrelas que brilham no céu dando homenagem a sua beleza eterna. As majestosas montanhas, quais sentinelas imortais, que lançam o seu olhar conhecedor sobre o mundo que as rodeia. Com o seu sopro silencioso inspiram e transmitam a sua força grandiosa.
Inspiração divina. O céu com os seus diamantes de brilho imortal, enchendo a escuridão com luz. Os anjos que cuidem desses diamantes enquanto brincam no infinito. A própria eternidade. Tudo isto serve para inspirar.
Inspiração. Fonte eterna, majestosa, grandiosa, oculta. Procurar-te é um desafio, encontra-te uma bênção, descrever a tua essência… Impossível. Inspiração.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Imagina

Imagina.
Imagina um por do sol sobre o mar num final de dia de Outono. Um por do sol que enche o céu sobre o oceano de tons de vermelhos como se a própria mão de Deus estives a decorar o horizonte com aguarelas maravilhosas, iluminado as nuvens com esse espectáculo de cores. Imagina.
Imagina que olhando para o lado oposto do céu encontras um azul celestial que luta com os vermelhos outonais tentando arranjar espaço para a lua no céu nocturno que agora toma o lugar do velho sol. Com a lua de caçador a subir para os céus as estrelas aparentam perder alguma da sua força e brilho. Imagina.
Imagina que as poucas nuvens que pouco tempo antes vagueavam no distante horizonte agora estão estacionadas sobre nos e que começam a libertar milhares de pequenas gotas de chuva como lágrimas dos anjos. Essas gotas chegam a superfície terrestre com tanta ternura que parecem milhares de beijos que o céu dá a terra em forma de homenagem por todo o sacrifício que o planeta faz para manter os seus habitantes seguros. Esses beijos estão tão carregados de sentimentos que os anjos deixaram escapar que o seu toque sobre qualquer ser vivo deixa uma marca profunda e purificadora que liberta a alma de todas as feridas acumuladas com o tempo. Imagina.
Imagina que depois dessa chuva purificadora as nuvens separaram-se para dar lugar novamente as estrelas que depois de tudo estão com nova força e um brilho muito mais intenso iluminado todo o céu nocturno com a sua beleza como o brilho de diamantes no fundo de um lago perdido. Imagina. Imagina.

Espada Quebrada

O silêncio nocturno aumenta a sensibilidade de todos os outros sentidos. A escuridão da noite deixa-me cego para tudo o resto, permitindo que seja apenas possível ver aquilo que está dentro de mim. Solitário no meio que me rodeia. Perdido e sem rumo. Passo sem ser visto pelas criaturas da noite. Com um sussurrar silencioso confesso ao vento os desejos perdidos da minha alma, escutando uma resposta atormentadora.
Vagueando no meia da minha floresta oculta tento encontrar os horrores que provocam o medo que arrasa com o meu espírito. Lutando com os demónios da minha alma, tentando expulsar essas criaturas sem nome para um abismo sem fundo. Isto sou eu. Um guerreiro sem forças, um cruzado sem religião. Eu não sou ninguém. Sozinho no meio de gente. Incompreendido por quem me rodeia. Marginal num mundo sem margens. Onde estão aqueles que sempre prometeram estar lá por mim? Eram tantos nos bons momentos, nos maus dão para contar por uma mão. A desilusão de quem oferece apoio quando precisam dele mas que em troca recebe uma floresta de costas voltadas. Vazio e sem vontade. Sofrer por gosto? Achas que sim? Sofrer porque o coração não aprende a viver.
Isto sou eu. Não sou ninguém quando os maus momentos batem a minha porta. Um sem abrigo desprotegido, sem coração para me guiar. Sem luz ao fundo do túnel. Sem nada. Apenas me restam as promessas feitas em épocas de abundância, com um sabor amargo na garganta e o sal nos meus lábios das lágrimas que vão caindo.
Abandonado, frio e com fome de afecto, estou só! Que resta do tempo em que era feliz? Apenas vagas recordações de um tempo passado, perdido na bruma da memoria, vivendo num mundo de ilusão, acreditando sempre que melhores dias viram! E então onde andam eles? Em lado nenhum.
Qual cavaleiro de espada quebrada, vou vagueando, acreditando num futuro cheio de promessas acatadas. Espada partida, espírito desfeito, alma rasgada, coração perdido. Isto sou eu. Um eterno lutador sem objectivos.
Uma experiência para recordar. Uma ferida para curar. Uma cicatriz para lembrar. Uma marca interna que já mais vai desaparecer. Desta forma o coração aprende. Aprender à base do castigo. Mas aprende.
Agradeço aos amigos que não deixam o meu lado. Esses sabem quem são, não necessitam de ser nomeados. Os outros. Aos outros deixo um recado. Se alguma vez precisaram do meu apoio podem contar com ele porque perdoar é uma virtude ao alcance de todos. E é uma virtude que quando posta em pratica me faz sentir bem.

A vida num instante

A vida num instante.

De um momento para o outro a nossa vida muda. Estamos em mudança constante. De um segundo para o outro perdemos pessoas importantes na nossa vida, e por vezes basta um instante para encontrar alguém por quem temos andado a procura a vida toda, e ainda mais um segundo para voltar a perder, para depois conquistar novamente. As mudanças do ciclo de vida são das mais variadas que se pode imaginar. Umas são para melhor. Outras são para pior. Mas todas eles fazem parte da vida. Umas por vezes não custam nada, mudar de estilo, mudar de pensamentos, mudar de emprego. Outras estão rodeadas de sofrimento. Mudar de pais, mudar de amigos, mudar de amores.
Que acontece quando somos confrontados com estas mudanças e nada podemos fazer para o impedir? Sofremos naturalmente. Mas esse sofrimento fornece a energia necessário para viver. De certo modo sofrer faz com que exista uma vontade de procurar uma situação melhor. E isso implica mais uma mudança. Isto é, na realidade um ciclo vicioso, onde a única forma de o travar é a monotonia. E quem gosta disso? Ninguém. Por isso temos mais é que aceitar estas mudanças. Porque, quer se aceite, quer não, a vida é um instante muito breve onde de um momento para o outro acontece mais uma mudança que não podemos controlar. A morte. A mudança suprema, aquela em que passamos de um mundo para o outro, e não levamos nada conosco, apenas deixamos. Deixamos as recordações com que os vivos ficam de nós, e até essas recordações tem data de validade associada mais uma vez a morte.
Por isso, não devemos tentar fugir as mudanças que cruzam o nosso caminho, mas sim enfrentar cada uma delas com coragem e com a idéia que essa mudança pode ser para melhor.

"A vida são dois dias, o de ontem já passou e o de hoje está a acabar. Amanhã está no incerto. Aproveitam cada nova oportunidade."