quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Tenho (muita) alguma inveja daquelas mulheres que conseguem aguentar estoicamente um dia inteiro sem saírem do sitio. E quando digo "sem saírem do sitio" não me refiro a ficarem quietinhas sugaditas no lugar delas. Antes pelo contrário. Refiro-me àquelas mulheres que tratam de tudo e mais alguma coisa e chegam ao final do dia como se tivessem acabado de sair de casa. Maquilhagem impecável, cabelo armado, roupa sem um vinco, etc. e coiso.

É que eu bem me esforço para sair de casa apresentável. Lavadinha e cheirosinha e etc, mas chega à hora de almoço e já estou, no mínimo, despenteada e amarrotada. Nem falemos no final do dia não é verdade? É que se tiver sido um daqueles dias que me obriga a andar de um lado para o outro a fazer recados então é um ver se te avias. A mulher chega a casa parece ela que foi atropelada por um cilindro de terras (mas em gorda).

É o cabelo (eu coço freneticamente a cabeça quando entro em stress... chego ao ponto de fazer feridas pelo que não há penteado que aguente muito tempo), é as unhas com o verniz lascado, ou mesmo sujinhas (again... coçar a cabeça é um péssimo habito!) é a cara toda "amassada" (tão a ver o ar cansado? é assim, mas em pior). Um pesadelo!

E depois o que é que isto provoca? Provoca que eu entre num banco (por exemplo) afogueada, com a mala, o portátil, o livro e uma pasta com documentos debaixo do braço, toda torta, cansada, e o que é que lá está? Uma senhora (cabra) toda bem posta, toda ela a transpirar profissionalismo e água de rosas, toda ela a mostrar-me que lá no fundo no fundo ainda não vivo no mundo dos crescidos, que lá no fundo no fundo não fui feita para andar de saltos altos nem unhas pintadas nem cabelo arranjado. Que lá no fundo no fundo ainda sou a miúda desengonçada que andava no 7º ano e ainda não tinha maminhas e brincava com os rapazes.

Agora a sério? A partir de que idade é que atingimos esse "nirvana" de nos tornarmos umas senhoras (de preferência um dia inteiro!) ?

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

"Gosto de te ver a rir e a brincar, gosto do teu cheiro e do teu olhar, gosto de te ter sempre perto e de sentir que tudo está certo, de saber que afinal vale a pena acreditar que um dia a paz acaba sempre por chegar, que não há esperas vãs nem dias perdidos, que todas as noites são de lua cheia e todas as manhãs estão cheias de ti, meu amor, quero-te, quero-te, quero-te.
Por isso abre as mãos e o peito, deixa-me ficar para sempre lá dentro, guarda-me em ti e espera sem esperar a cada dia que passar, que este meu amor imenso, doce, intemporal resista ao tempo, resista ao medo, resista ao mundo, resista a tudo e não precise de mais nada a não ser de ti, tu que és principio e fim, que estás no meio de tudo, que atravessas a vida de mão dada comigo, tu de quem eu gosto, gosto, gosto.
Às vezes é preciso respirar fundo antes de responder, calar em vez de falar, fechar a gaveta sem a arrumar."

sábado, 6 de novembro de 2010

Todas as cartas de amor são ridículas.

Não seriam cartas de amor se não fossem ridículas.

Também escrevi em meu tempo cartas de amor,

Como as outras, ridículas.

As cartas de amor, se há amor,

Têm de ser ridículas.

Mas, afinal, só as criaturas que nunca

escreveram cartas de amor é que são ridículas.

Quem me dera no tempo em que escrevia

Sem dar por isso cartas de amor ridículas.

A verdade é que hoje

As minhas memórias

Dessas cartas de amor é que são ridículas.

(Todas as palavras esdrúxulas, como os sentimentos esdrúxulos,

são naturalmente ridículas.)

(Álvaro de Campos)

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Saudade

Saudade. Uma palavra que muito significa. Uma palavra aparentemente simples mas que ao mesmo tempo é extremamente complexa. Saudade. Uma palavra só mas com muitas aplicações. Uma palavra que muitos entendem mas que poucos tem a capacidade de descrever.
O que é a saudade? A saudade tem a capacidade de dar foca mas em contrapartida também a tira.
A saudade pode ser como umas garras afiadas que nos aperta o coração tirando toda a vitalidade que nos corre pelo corpo, gelando a nossa alma, provocando efeitos devastadores no nosso espírito, arrastando-o para o abismo.
A saudade percorre o nosso corpo cobrindo cada centímetro com uma incrível sensação de frio. Deixando uma pessoa paralisada com dores e vazia por dentro.
A saudade rodeia o nosso mundo com vento e tempestades poderosas, ocultando toda a luz que a outra hora iluminava o nosso caminho.
A saudade deixa-nos cegos para todo o resto. Tudo que esta a nossa volta desaparece deixando apenas uma sombra daquilo que era, como um reflexo visto através de um espelho quebrado e cheio de pó.
Em contrapartida a saudade dá forças. A saudade alimenta. A saudade tem o poder de mover mundos e arrasar montanhas. Tudo é possível quando o objectivo é matar saudades. Uma vítima da saudade é capaz de muita coisa para eliminar esse sentimento da sua vida e da alma.
A saudade. A saudade, no entanto, não deixa de ser o eterno sofrimento que atormenta quem tem coração e gosta de quem o rodeia.
Isto é uma vaga descrição de saudade elaborada por alguém que sofre com o afastamento, por um motivo ou outro, das pessoas que fazem parte da sua vida.
Quando digo que tenho saudades tuas, então o meu mundo está de avesso e é por isto que eu estou a passar.
Tenho saudades.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Inspiração

Inspiração. Onde andas tu? Inspiração. De onde vens? Inspiração. Para onde foste?
Inspiração divina. Inspiração natural. Inspiração material. Inspiração instantânea. Recordações inspiradoras. Todos necessitam de inspiração, não apenas os escritores. É necessário uma inspiração ate para viver.
A inspiração é a fonte de tudo que criamos. Então porque me foge a inspiração?
O grande mestre Luís Camões tinha as suas musas inspiradoras. Isto foi o pormenor que mais me marcou da obra dele. Quem eram estas musas? Porque não me ajudam elas a ter uma inspiração semelhante? Talvez essas musas deixaram de existir a partir do momento em que ele soltou o ultimo sopro que permanecia nos seus pulmões. Será? Aparenta que cada um tem que ter uma fonte de inspiração diferente. Então porque motivo estou com a impressão que perdi a minha?
A dor que habitava o meu ser tem vindo a diminuir. Isso em termos psicológicos ate é bom. Mas no que toca aquilo que faço significa menos uma fonte de inspiração. Todos os grandes escritores aparentam ter isso em comum. A dor serve de inspiração para escrever.
Inspiração natural. O mar. As florestas. As montanhas. Os vales. O mar todo-poderoso e incansável que nunca desiste de fazer o seu percurso. As florestas escuras que escondem os terrores que nos atormentam como sombras das nossas almas. As florestas iluminadas que nos desorientam com a sua vastidão tal como a vastidão que é a difícil tarefa de viver. As arvores com os seus segredos ocultos que sussurram com o vento, cantando poemas de louvara para as estrelas que brilham no céu dando homenagem a sua beleza eterna. As majestosas montanhas, quais sentinelas imortais, que lançam o seu olhar conhecedor sobre o mundo que as rodeia. Com o seu sopro silencioso inspiram e transmitam a sua força grandiosa.
Inspiração divina. O céu com os seus diamantes de brilho imortal, enchendo a escuridão com luz. Os anjos que cuidem desses diamantes enquanto brincam no infinito. A própria eternidade. Tudo isto serve para inspirar.
Inspiração. Fonte eterna, majestosa, grandiosa, oculta. Procurar-te é um desafio, encontra-te uma bênção, descrever a tua essência… Impossível. Inspiração.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Imagina

Imagina.
Imagina um por do sol sobre o mar num final de dia de Outono. Um por do sol que enche o céu sobre o oceano de tons de vermelhos como se a própria mão de Deus estives a decorar o horizonte com aguarelas maravilhosas, iluminado as nuvens com esse espectáculo de cores. Imagina.
Imagina que olhando para o lado oposto do céu encontras um azul celestial que luta com os vermelhos outonais tentando arranjar espaço para a lua no céu nocturno que agora toma o lugar do velho sol. Com a lua de caçador a subir para os céus as estrelas aparentam perder alguma da sua força e brilho. Imagina.
Imagina que as poucas nuvens que pouco tempo antes vagueavam no distante horizonte agora estão estacionadas sobre nos e que começam a libertar milhares de pequenas gotas de chuva como lágrimas dos anjos. Essas gotas chegam a superfície terrestre com tanta ternura que parecem milhares de beijos que o céu dá a terra em forma de homenagem por todo o sacrifício que o planeta faz para manter os seus habitantes seguros. Esses beijos estão tão carregados de sentimentos que os anjos deixaram escapar que o seu toque sobre qualquer ser vivo deixa uma marca profunda e purificadora que liberta a alma de todas as feridas acumuladas com o tempo. Imagina.
Imagina que depois dessa chuva purificadora as nuvens separaram-se para dar lugar novamente as estrelas que depois de tudo estão com nova força e um brilho muito mais intenso iluminado todo o céu nocturno com a sua beleza como o brilho de diamantes no fundo de um lago perdido. Imagina. Imagina.

Espada Quebrada

O silêncio nocturno aumenta a sensibilidade de todos os outros sentidos. A escuridão da noite deixa-me cego para tudo o resto, permitindo que seja apenas possível ver aquilo que está dentro de mim. Solitário no meio que me rodeia. Perdido e sem rumo. Passo sem ser visto pelas criaturas da noite. Com um sussurrar silencioso confesso ao vento os desejos perdidos da minha alma, escutando uma resposta atormentadora.
Vagueando no meia da minha floresta oculta tento encontrar os horrores que provocam o medo que arrasa com o meu espírito. Lutando com os demónios da minha alma, tentando expulsar essas criaturas sem nome para um abismo sem fundo. Isto sou eu. Um guerreiro sem forças, um cruzado sem religião. Eu não sou ninguém. Sozinho no meio de gente. Incompreendido por quem me rodeia. Marginal num mundo sem margens. Onde estão aqueles que sempre prometeram estar lá por mim? Eram tantos nos bons momentos, nos maus dão para contar por uma mão. A desilusão de quem oferece apoio quando precisam dele mas que em troca recebe uma floresta de costas voltadas. Vazio e sem vontade. Sofrer por gosto? Achas que sim? Sofrer porque o coração não aprende a viver.
Isto sou eu. Não sou ninguém quando os maus momentos batem a minha porta. Um sem abrigo desprotegido, sem coração para me guiar. Sem luz ao fundo do túnel. Sem nada. Apenas me restam as promessas feitas em épocas de abundância, com um sabor amargo na garganta e o sal nos meus lábios das lágrimas que vão caindo.
Abandonado, frio e com fome de afecto, estou só! Que resta do tempo em que era feliz? Apenas vagas recordações de um tempo passado, perdido na bruma da memoria, vivendo num mundo de ilusão, acreditando sempre que melhores dias viram! E então onde andam eles? Em lado nenhum.
Qual cavaleiro de espada quebrada, vou vagueando, acreditando num futuro cheio de promessas acatadas. Espada partida, espírito desfeito, alma rasgada, coração perdido. Isto sou eu. Um eterno lutador sem objectivos.
Uma experiência para recordar. Uma ferida para curar. Uma cicatriz para lembrar. Uma marca interna que já mais vai desaparecer. Desta forma o coração aprende. Aprender à base do castigo. Mas aprende.
Agradeço aos amigos que não deixam o meu lado. Esses sabem quem são, não necessitam de ser nomeados. Os outros. Aos outros deixo um recado. Se alguma vez precisaram do meu apoio podem contar com ele porque perdoar é uma virtude ao alcance de todos. E é uma virtude que quando posta em pratica me faz sentir bem.