IV
Acordo com alguém a bater à porta.
“O Filipe já te deu notícias?”
Olho para o meu telemóvel.
-“Não recebi nada Dona Emília.”
Desço as escadas atrás dela. Ela pára em frente da mesa de entrada.
-“É normal então, ele deixou o telemóvel aqui!”
O meu coração deu um pulo, não era o costume dele.
-“Dona Emília, vou passear com o Rex no quintal. Posso?”
-“Claro!”
Saio pela porta das traseiras. Filipe morava mesmo em frente duma floresta. O tempo estava nublado, tinha chovido e cheirava a musgo fresco.
Olho para o relógio, já passava do meio-dia. Tinha combinado estar com ele há duas horas atrás.
Tudo perdeu o sentido.
O Rex ladrou e correu para dentro da floresta, a caminho da linha do comboio. Andei atrás dele, pois ele não se podia perder.
Ao chegar a linha do comboio, vejo o Rex a ladrar na curva que a linha fazia.
Vejo algo escuro. Sinto o meu coração a acelarar. Chego à beira da linha.
Vejo seu corpo estendido na linha, imóvel, desfeito.
Entro em choque.
Desmaio.
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