domingo, 11 de abril de 2010

Ao acordar...

IV

Acordo com alguém a bater à porta.

“O Filipe já te deu notícias?”

Olho para o meu telemóvel.

-“Não recebi nada Dona Emília.”

Desço as escadas atrás dela. Ela pára em frente da mesa de entrada.

-“É normal então, ele deixou o telemóvel aqui!”

O meu coração deu um pulo, não era o costume dele.

-“Dona Emília, vou passear com o Rex no quintal. Posso?”

-“Claro!”

Saio pela porta das traseiras. Filipe morava mesmo em frente duma floresta. O tempo estava nublado, tinha chovido e cheirava a musgo fresco.

Olho para o relógio, já passava do meio-dia. Tinha combinado estar com ele há duas horas atrás.

Tudo perdeu o sentido.

O Rex ladrou e correu para dentro da floresta, a caminho da linha do comboio. Andei atrás dele, pois ele não se podia perder.

Ao chegar a linha do comboio, vejo o Rex a ladrar na curva que a linha fazia.

Vejo algo escuro. Sinto o meu coração a acelarar. Chego à beira da linha.

Vejo seu corpo estendido na linha, imóvel, desfeito.

Entro em choque.

Desmaio.

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